Ao lançar o novo Ka, nas versões hatch e sedan, a Ford completa no Brasil a sua linha de veículos globais antes de 2015, como prometido anteriormente. O Ka e o Ka+ são equipados com motores 1.0 TiVCT 12v flex, de 3 cilindros e o Sigma 1.5 16V flex, ambos com a proposta de oferecer o melhor conjunto e o maior valor agregado ao consumidor. Além disso, os novos Ka apresentam equipamentos inéditos na categoria que podem convencer o mercado pelo nível de qualidade e funcionalidade ofertados pela Ford.
Uma das novidades enfatizadas pelo Marketing da empresa é o aplicativo Assistência de Emergência, integrante do sistema de conectividade Sync, já existente em modelos da marca nos Estados Unidos. Trata-se de um mecanismo que faz uma ligação automática para o serviço de atendimento médico 192 do SAMU, se o carro sofrer um acidente com acionamento do airbag ou do sistema de corte de combustível.
Como funciona
O aplicativo Assistência de Emergência usa um celular conectado via Bluetooth com o sistema SYNC do veículo para fazer a ligação de emergência ao 192. Ele transmite uma mensagem comunicando que houve um acidente e as coordenadas de localização (latitude e longitude) pela antena GPS do veículo. Em seguida, o atendente pode falar com os passageiros pelo sistema de som. A ligação é feita mesmo que os ocupantes do carro estejam inconscientes. Para os especialistas, a rápida chegada do resgate pode salvar vidas.
Na real e na moral
O espírito do equipamento e o seu desenvolvimento merecem nota 10. A Ford é realmente uma empresa preocupada com a saúde de seus clientes. A ação de Marketing foi primorosa, pois coloca o Ka num patamar acima de seus concorrentes com uma prestação de serviço inédita em relação aos demais carros de entrada.
O problema é que estamos no Brasil. Sem desmerecer o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU – que atende hoje 72,7% da população do país ou cerca de 150 milhões de pessoas, em âmbito nacional, não dá para se acreditar que de repente entramos no primeiro mundo.
Consultamos o SAMU chefe de Brasília para saber se o atendimento teria necessidade de um reajuste na sua infra-estrutura para atender pedidos de emergência de motoristas, principalmente, quando todas as marcas aqui instaladas também tiverem dispositivos semelhantes. A resposta é que tudo está muito bem e que o aumento da demanda não afetará o rápido atendimento.
As dificuldades da infra-estrutura
O Jornal Nacional, por exemplo, relata todos os dias as dificuldades do atendimento à saúde em todo o país. Dia destes, a matéria escancarava a situação do próprio SAMU de São Paulo, cujas ambulâncias não podiam buscar pacientes porque não havia macas.
Esperar que uma chamada, via GPS, de um veículo acidentado, de madrugada numa rodovia ou mesmo dentro do trânsito caótico de muitas capitais seja atendida prontamente por um funcionário de plantão que, certamente, terá dificuldades para a localização do evento por coordenadas, é querer muito. Basta ele apertar um botão e o resgate será disparado com urgência, se houver médicos, se houver enfermeiros, se houver motoristas, se houver combustível, se houver ambulâncias, se houver macas, se houver bombeiros (pois muitos acidentes precisam de especialistas em retirar pessoas presas nas ferragens), tudo isso dentro de uma precisa coordenação com todos os envolvidos falando a mesma língua.
Vale lembrar: não estamos na Escandinávia, na América do Norte, na Europa ou no Japão. Estamos no Brasil. A Ford fez a sua parte, e bem feita. Mas, o entorno realmente deixa a desejar. Todavia, um dia, pode ser que tudo funcione neste país e outros aplicativos sejam desenvolvidos, em benefício dos motoristas e ocupantes dos veículos.